- Eventos de MKT Esportivo


A proximidade e o envolvimento do Brasil na realização da Copa do Mundo e das Olimpíadas, profissionalizou, aqueceu e modificou o cenário dos eventos esportivos relacionados as ações de marketing.
O especialista em Marketing Esportivo - Léo Delamanha, concedeu uma entrevista onde explica a sua visão desse mercado que se apresenta oportuno para a realização de eventos promocionais onde as empresas criem a oportunidade de reforçar suas marcas perante o público consumidor desses acontecimentos esportivos com abrangência internacional:

O MERCADO DE MARKETING ESPORTIVO



"O Marketing sempre foi algo que gerou interesse e curiosidade nos jovens aspirantes a uma carreira profissional de sucesso. Os termos “marketeiros”, o (suposto) glamour, a própria dinâmica do negócio da comunicação, a presença de celebridades, etc. são coisas que fazem todo mundo sonhar.

Imaginem agora que a moda é o Marketing Esportivo? Todos os adjetivos do marketing somados aos ingredientes do esporte como paixão, competição, emoção, virilidade, velocidade, “porrada”, entre outros.
Assim, a procura pela carreira de profissional de marketing esportivo está aquecida. Atualmente, não passo uma semana sem receber um currículo de alguém querendo trabalhar no ramo, seja mudando de área ou iniciando a carreira.

E de fato, o mercado está bem aquecido, principalmente, com a chegada dos maiores eventos esportivos do mundo, Copa do Mundo de Futebol e Olimpíada.
No entanto, vale algumas ressalvas já que, primeiro, nem tudo que reluz é ouro e, segundo, no Brasil (terra das negociatas e mutretas) o campo é bem minado.

Essas minas são ameaças aos bons profissionais e tem alguns nomes: jogo de cartas marcadas (seja nas federações e confederações, mas também no agenciamento de atletas), pouco conhecimento esportivo de boa parte dos gestores de marca (que normalmente é quem compra o patrocínio dentro das empresas), cultura de um único esporte (futebol) na TV e, pra mim o mais grave, a falta de investimento no esporte no nível escolar, o que poderia colocar mais consumidores (hoje crianças) no “final da fila”, aumentando a base da pirâmide da indústria do esporte para os próximos anos.

No Brasil até muito pouco tempo atrás, marketing esportivo era vender o patrocínio, executar eventos e (para as marcas) aplicar merchandising de arena nos eventos.
Nunca se precisou fazer muito mais do que isso.
Agora o cenário está mudando, mas o mercado ainda não está preparado para isso e essa pode ser a oportunidade para os jovens em começo de carreira.
Hoje, mundialmente, marketing esportivo é não apenas o patrocínio, mas a “ativação” de marca, ou seja, aquela ação ou experiência que fará o consumidor lembrar de uma forma positiva que tal marca é patrocinadora do seu time ou esporte preferido.

Não basta mais apenas a marca aparecer à beira do campo ou quadra, ou mesmo na camisa do jogador. Isso garante visibilidade, não retorno (em vendas).
Por isso, aos aspirantes a profissional de marketing esportivo, minha sugestão é focar naquilo que nem todos estão fazendo, no caso, ativação de marcas/patrocínio e projetos de desenvolvimento esportivo, o que chamo de esporte-educação.

Para aqueles com mais vocação e formados na área de marketing ou administração, a ativação está muito ligada ao (e até se parece muito com) marketing promocional em alguns aspectos. É o gerenciamento das ações de marca propriamente ditas, como uma área VIP de uma arena, recepcionistas bonitinhas uniformizadas distribuindo brindes ou amostras do patrocinador, uma ação no Facebook no período que antecede o evento/jogo ou um sorteio/atividade durante um intervalo.

Para aqueles mais ligados à raiz do esporte, os graduados em educação física ou ciência da atividade física, a oportunidade está na minha outra sugestão, ou seja, na iniciação esportiva que, além de uma atividade saudável para os jovens estudantes, acabará por gerar novos consumidores da indústria do esporte e quem sabe, numa proporção menor, atletas de alta performance.
Jovens de agora que, tomando gosto pelo esporte cedo, quando adultos serão aqueles que comprarão pacotes de TV paga para campeonatos, calçados esportivos, réplicas da camisa do clube preferido e etc.
Estou me referindo a trabalhar com atividade física nas escolas públicas ou privadas ou clubes, associações ou academias.

Nos últimos anos, o MEC afrouxou a exigência das aulas de educação física e com isso, aliada a explosão das academias e dos personal trainers (que, diga-se, estão fazendo o correto atendendo a demanda de um mercado cada vez mais ávido pela qualidade de vida e também pelo hedonismo), cada vez menos temos profissionais de educação física especialistas em cada um dos esportes, como acontecia anos atrás.
Para que o tal “Brasil Olímpico” não passe de uma jogada de marketing para vender patrocínio (e um fiasco em número de medalhas), são esses profissionais que formarão atletas e voltarão a ter a importância que tiveram no passado.

Costumo dizer que a questão do esporte no Brasil é um problema do Ministério da Educação e não da pasta do Esporte. Existem uma série de projetos sérios como o LiveWright que estão focados não na performance de medalhas da Rio 2016, mas sim numa real melhora no ranking de medalhas para, por exemplo, o ano 2020 ou 2024, considerando a população jovem do país e o potencial que isso representa, desde que bem aproveitado, evidentemente.

Esse tipo de projeto necessita de profissionais capacitados para lidar com atletas de alto rendimento, mas também vai precisar de material humano bem preparado na base e para isso também existirá demanda por bons profissionais nas escolas, universidades e associações.
Podem parecer apostas arriscadas dado o histórico de um Brasil de “um único esporte” e com patrocínios focados apenas na visibilidade de TV, mas nem tudo que está na moda agora, estará na moda daqui 15 ou 20 anos e a indústria do esporte no Brasil, certamente, vai sofrer mudanças com a passagem dos eventos por aqui.

Leo Delamanha é especialista em Marketing Esportivo e em target universitário. Tem passagens pelas confederações brasileiras de rugby e do desporto universitário, além de job realizados para marcas como Volkswagen, Gillette, Heineken, Topper, NBA, Tetra Pak, entre outras.
É Diretor de Novos Negócios da Havas Sports Brasil e fundador da Playground, consultoria esportiva que atende marcas, agências e confederações. É o criador do blog “Sua marca, meu esporte!” (www.esportemarca.blogspot.com)


Fonte: O mercado de Marketing Esportivo | Portal Carreira & Sucesso